
CLOWN EM MIM
Me disseram que tenho Síndrome de Clown. Achei isso bonito. Falavam de uma certa mistura de natureza melancólica e bom humor... Disseram também que tenho uma boa cara pra palhaço. Que minha sobrancelha tem vocação para tal. Não, não foi um comentário jocoso ou ofensivo. E ainda que fosse pra ser, não teria sido. Eu sempre me encantei com aquela figura triste que fazia os outros sorrirem.
Por ocasião do Festival Mundial de Circo, em Belo Horizonte, pude assistir ao espetáculo do palhaço argentino Tomate. Incrível. Engraçadíssimo. E dramático. Ao final do show, ele tirava, ritualisticamente, toda a pintura do seu rosto. Se desnudava em toda sua melancolia... Comovente!
Ontem, assisti ao filme O Palhaço, do Selton Mello. Um belo filme. De uma singeleza emocionante. Ri frouxo e chorei também (caixa d’água que sou). Lá está o palhaço às voltas com sua dicotomia mais essencial. Procurando, procurando, procurando...
É assim, como disse o Puro-sangue ao Pangaré: o gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço.