segunda-feira, 15 de agosto de 2011

P-A-I

Ele era só um garoto de quase 13 anos e seu pai morreu. MORTE, essa palavra medonha ainda nem tinha tamanho pra ele. Então, guardou o vazio que sentia num baú e trancou no porão. Deixou por lá as boas lembranças e as péssimas também. Fez vista grossa pra poeira e deu por resolvida a questão.

Tardou, mas, um dia percebeu que nada adiantava trancar aquele vazio imenso num baú tão pequeno. E, lá dentro, encontrou óbvias constatações: ele se tornou um homem bem diferente do pai, ele realmente não tinha talento pro futebol (mas continua Galo), ele puxou mesmo foi o gênio da mãe... Encontrou perguntas que ficariam para sempre sem resposta: será que o pai teria orgulho dele, será que eles se dariam bem e outros mil serás... Revirou a mágoa de não tê-lo por perto (até mesmo para poder confrontá-lo de igual pra igual, se é que isso seria possível). Encontrou num canto esquecido o orgulho do menino que vê no seu pai um herói e a herança maior que um homem (sem instrução) poderia deixar: o valor da educação.

Baú aberto, o homem-filho-sempre menino tratou de deixar aquele vazio ocupar o espaço que lhe era devido. Certo de que essa história, assim, dessa forma, o trouxe até aqui e fez dele quem ele é hoje, pôs uma foto no porta-retrato pra encarar aquele homem como quem diz: a gente se acerta.

FELIZ DIA DOS PAIS!


P.S.: Para meu cunhado, que recentemente esteve às voltas com o baú de lembranças do seu pai e que a seu modo vai tentando acertar no exercício da paternidade.

4 comentários:

  1. Como não ter orgulho de você? Te amo muito irmão querido!!!!

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  2. Oi irmãzinha, esse post é um pouco sobre vc tb. Te amo idem!

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  3. Não é que você está saindo de sua concha de canceriano! Impressionante! Parabéns mais uma vez. Sinto o mesmo. Bjs

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